No meu trabalho como jardineiro, entro em contato com projetos muito interessantes. Acredito que o plantio das sementes de um gramado seja um dos que eu mais gosto de fazer. Na verdade, prefiro por questões estéticas e práticas os tapetes já prontos de grama, verde-esmeralda… o efeito é imediato. Tem pouca filosofia ali. É tudo pronto.
Semear, porém, é testemunhar um ciclo de vida.
Semear, porém, é testemunhar um ciclo de vida.
Preparar o terreno. Adicionar os nutrientes necessários para o desenvolvimento da futura planta. Esconder a semente sob um ligeiro estrato de terra. Entender e proporcionar um nível de umidade adequado para o desenvolvimento das plantinhas de grama. Esperar.
Não temos sensibilidade o bastante para ver e escutar todo esse processo natural. Mas posso imaginar o som que a água faz ao entrar em contato com a casca da semente… as células que se multiplicam e precisam de mais espaço… o som do romper do aparato tegumentar… o embrião que se torna uma planta ao sair da amêndoa. Isso tudo nos ajuda a entender melhor, por exemplo, a “Primavera” de Vivaldi… Não tem nada de calmo e pacífico naquela estação. 😊
A paciência faz parta da vida de um jardineiro. Isso é certo assim como sol nascerá amanhã de manhã.
A paciência faz parta da vida de um jardineiro.
Depois de alguns dias do plantio já podemos ver alguns fios de erva saírem do terreno. Fininha e discreta.
Depois de 15 dias mais ou menos já temos um velo verde sobre o terreno. E com muita atenção ao clima continuamos a respeitar a irrigação e a iluminação justa para o desenvolvimento desse gramado. Mas, o que tem a ver tudo isso com esse blog? Imagino que o teu interesse inicial era algo muito diferente. Caso a tua curiosidade não tenha sido sanada até este momento, pelo menos, agora você já sabe como fazer um gramado. Mas tudo isso tem sim muito a ver com esse blog.
O mesmo tempo que uma plantinha leva para chegar a sua vida adulta é o mesmo tempo que levamos para nos transformar de embrião até uma pessoa adulta.
Levamos tempo para criar a nossa realidade.
A nossa forma física.
A nossa personalidade.
Os nossos círculos de amizade.
(…) todos sentimos dor, alguns de nós enfrentamos a dor física, outros a dor emotiva (…)
Levamos tempo para alimentar o nosso intelecto. Assim como levou tempo para construir um ambiente adequado e confortável para hospedar a Dor que nos acompanha neste momento.
No meu percurso como Operador Holístico aprendi que a dor é uma amiga paciente. E àsvezes ela vem e fica por algum tempo.
Eu brinco de vez em quando, mas falo muito sério com meus clientes quando digo a eles para fazer um jantar bem delicioso e colocar à mesa um lugar para essa presença persistente, a Dor. Como uma convidada importante, parte da nossa vida. Conversar com ela. Servir ainda mais comida. Derramar vinho em seu copo. Escutá-la atentamente. Ouvir o que ela tem a dizer. Saber de onde ela veio. Entender quanto tempo ela demorou para se tornar aquilo que ela é neste momento…
Uma caríssima amiga me disse uma vez que todos sentimos dor, alguns de nós enfrentamos a dor física e outros a dor emotiva, por exemplo. Talvez a minha dor seja diferente da tua…
Em todos os casos ela merece um lugar à nossa mesa.
Como você enfrenta a tua dor?
Um Grande Abraço!